AUDREY HEPBURN: Entrelaçando a vida, a obra e os sentimentos

DANYELLE GONZAGA MONTE DA COSTA[1]

RAYANNA MONTE FERNANDES DA COSTA[2]

                        “Pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas; jamais jogue alguém fora.” (Audrey Hepburn)

Palavras- chaves: Audrey Hepburn; Entrelaçando; Vida e obra

INTRODUÇÃO

Esse artigo consiste em abordar a vida, a obra e os sentimentos da atriz Audrey Hepburn. São inúmeros os  trabalho sobre a biografia, o estilo, a elegância da atriz, no entanto, observou-se  uma lacuna no tocante às pesquisas que abordam a relação entre vida, obra e sentimentos dessa mulher ícone da década de 50 do século XX. Na ocasião era comum as grandes estrelas do cinema possuírem imagem de uma pessoa com sua sensualidade exacerbada e um corpo voluptuoso. Com seu corpo completamente diferente do padrão de beleza da época, ela não só conseguiu fazer sucesso pelo seu talento, mas também por sua beleza simples, alcançando nos mais altos tabloides uma grande visibilidade. E assim, sua imagem influenciou o mundo da moda, do cinema e dos padrões de beleza, ressaltando também sua marca nas ações humanitárias que desenvolveu. Porém, não vamos esquecer que por trás dessa diva existe uma mulher com todas as suas dores naturais e peculiares a todos os seres humanos.

Vida de Audrey Hepburn ( amores e dessabores)

                Em 04 de maio de 1929, nasceu Audrey Kathleen Ruston em Bruxelas na Bélgica a Audrey Hepburn aquela que viria ser responsável pela quebra do padrão de beleza de sua época e por  mostrar  às  mulheres  que  elas  podiam  ser  o  que quisessem.

Durante sua infância, Audrey passou por muitas situações traumáticas. Mesmo nascida em uma família abastada financeiramente, os percalços da vida acometem qualquer pessoa. Com apenas três semanas de vida, seu coração parou de bater depois de um terrível ataque de tosse convulsa, e foi sua mãe, a baronesa Ella Van Hemstra que a salvou. Além disso, seu pai foi embora quando a mesma tinha apenas seis anos,  e esse abandono a  abalou profundamente, trazendo-lhe assim sentimentos de insegurança relatados pela atriz quando falou sobre esse episódio”foi o evento mais traumático da minha vida”, e assim no decorrer de sua vida teve dificuldades nos relacionamentos afetivos. Fica claro na sua fala, quando já adulta diz: “Se o meu mundo fosse desabar amanhã, gostaria de olhar para trás em todos os prazeres, excitações e experiências que tive a sorte de ter vivido. Não para a tristeza, perdas ou meu pai saindo de casa, mas para a alegria de todo o resto. Terá sido o suficiente.”

Aos 10 anos dez anos de idade quando a II guerra começou, ela se encontrava na Inglaterra e sua mãe a levou para uma cidade na Holanda onde frequentou o conservatório de Ballet, acreditando que assim de seriam poupadas da guerra. Porém poucos meses depois os alemães invadiram a Holanda e a pequena Audrey adotou o nome Edda Van Heemstra para  ter um nome de “sonoridade inglesa” pois, era considerado perigoso durante a ocupação alemã. Nesse período ela viu sua família ser capturada e seus irmãos viverem clandestinamente. Segundo seus relato, seus sentimentos eram de insegurança. Como na citação: “Nós vimos jovens sendo colocados contra a parede e sendo baleado…Não deduza nada que tenhas ouvido ou lido sobre os nazistas”. É pior do que tu poderias imaginar”.  Foram muitas situações traumáticas vivenciadas por ela, desde distanciamento de familiares, testemunho de pessoas sendo transportadas para os campos de concentração, à fome que se instalava na região atacada pelos alemães.  De tal forma, que foi  reduzida a comer bulbos de tulipa, o que fez com que ela desenvolvesse anemia aguda, problemas respiratórios e edema como resultado de desnutrição.

Em 04 de maio, décimo sexto aniversário de Hepburn, foi a data em que se concretizou a libertação dos Países Baixos. E a sua fala relata: “ A liberdade tem um cheiro especial para mim – o cheiro de gasolina britânica e dos cigarros britânicos. Quando corri para receber os soldados, invejei seus vapores de gasolina como se fossem um perfume inestimável e exigi um cigarro, mesmo que me fizesse engasgar.” Provavelmente esse evento tenha provocado posteriormente o hábito de fumar que perdurou por toda sua vida, em menor ou maior escala. Houve períodos em sua vida em que chegou a fumar três maços por dia. Outro hábito que a acalmava era comer chocolates, além dos efeitos cientificamente comprovados de que a substancia aumenta a serotonina e, consequentemente, a sensação de bem-estar no organismo. Durante a guerra, Audrey recebeu sete barras de chocolate de um soldado holandês. E isso a ajudou na sobrevivência e minimização de sua fome durante a ocupação alemã.

Sempre interessada no balé, Audrey o usou para escapar das tensões da guerra, e mesmo pensando que não poderia seguir essa carreira por sua condição física (debilidades físicas consequente da desnutrição no período de guerra) e com esse histórico, acredita-se que as condições emocionais vivenciadas favoreciam uma baixa autoestima, mesmo assim, ela ganhou uma bolsa de estudos para voltar para a Inglaterra.  Foi com o balé, que Audrey começou a fazer musicais e um agente a encontrou.

Documentários sobre sua vida mostram que a trajetória de Audrey foi marcada por tragédias e problemas pessoais. Ela era uma mulher insegura e ao mesmo tempo e ironicamente, alguém tão popular, porém muito lutou para encontrar o amor.

Ela teve dois casamentos que foram muito conturbados. Seu primeiro marido, Mel Ferrer, era um homem forte e controlador que poderia ser bastante difícil. Em alguns aspectos, ele era semelhante ao pai dela, no sentido de que era uma figura de comando. Percebe-se a partir de uma analise Psicanalítica que ela  poderia ter se apaixonado pelo Ferrer por apresentar traços de personalidade semelhante a seu pai, segundo Aberastury (1985) a menina “escolherá seu marido de acordo com as características paternas e estará disposta a reconhecer sua autoridade” (p. 23). Podemos utilizar este conhecimento para entendermos como acontece o desenvolvimento afetivo das mulheres em relação aos homens em sua vida amorosa, para a autora, não é somente o reconhecer o pai no homem de sua vida, mas colocar-se sobre sua autoridade, submeter-se a esse homem nesta relação.

Seu segundo casamento com Andrea Dotti, com quem teve seu segundo filho,  Luca Dotti, também foi permeado por complicações, principalmente traições que as deixou ainda mais insegura. Segundo entrevistas concedidas pelo seu filho Sean após sua morte, Audrey sofrera muito com a traição e compartilhou com ele, ainda criança, suas angústias “Eu sabia que havia dificuldades. Minha mãe me sentou com os olhos vermelhos, me contou o que estava acontecendo e me perguntou o que eu achava. Eu era uma criança. Eu não sabia como ajudá-la”.

No final da vida, ela começou a se aceitar mais, principalmente depois que teve filhos. Foi quando ela conheceu Robert Wolder, que era amoroso e fiel a ela. Percebe-se a admiração dele por Audrey quando a define: “ela era especial, e essa qualidade de ser especial criaria não uma lenda, pois ela já era uma lenda, mas esse brilho que parecia já ter nascido com ela. Ela falava lindamente, andava lindamente e vestia-se lindamente”. Eles estiveram juntos por 13 anos até ela morrer e, embora nunca tenham se casado, Audrey sempre o considerou seu marido. 

Em  setembro de 1992, Hepburn começou a sofrer de dores abdominais em foi diagnosticada com câncer abdominal, fez procedimento cirúrgico e sessões de quimioterapia, morrendo 1993 na Suíça, com 64 anos, deixando seus  dois filhos o Sean Hepburn Ferrer e Luca Dotti.

Em entrevista sobre a sua mãe, Sean Ferrer, fala intimidade  de Audrey , como o fato de mesmo tão empoderada, tinha seus fantasmas interiores, como parar de dirigir, após ter sofrido  um pequeno acidente automobilístico, ela sempre pedia para alguém a levar.

Outro fato interessante era a fascinação que ela tinha pelo seriado Hart to Hart. No horário da série ela não marcava nenhum compromisso. A estória era protagonizada por um casal rico e simpático, que ao invés de aproveitar a vida em sua mansão, viajavam pelo mundo solucionando casos de espionagem e assassinatos. Provavelmente pelo seu senso de justiça, visão humanitária, e empoderamento aquela teledramaturgia a atraia tanto.

A atriz ainda era poliglota, dominava o alemão, espanhol, holandês, inglês, francês e italiano, aprendeu alguns idiomas em função da família ter viajado a vários países pelo trabalho de seu pai na sua primeira infância e posteriormente outros.

Contextualizando o período e obras de Audrey Hepburn

Primeiramente vamos contextualizar o período que a Audrey vivera, era início da década de 50 do século XX, período esse marcado pela valorização da beleza e elegância feminina. As grandes estrelas dessa época apresentavam características de beleza com padrão tipo Marilyn Monroe, que tinha os cabelos platinados, silhueta curvilínea, boca em “biquinho”, cílios fartos e uma pinta charmosa. Como também Grace Kelly, que era considerada a beleza perfeita dessa década, mesmo não tendo sido tão influente quanto ao tipo físico, mas era sinônimo de elegância e classe. Sem esquecer, da Sophia Loren, que se tornou o símbolo da mulher voluptuosa e um símbolo sexual. Todas elas tinham características diferentes, mas também, tinham muita semelhança, eram todas sexy ao seu modo. Não há dúvidas quanto a beleza, elegância, sensualidade e charme, daí serem padrões de beleza que as mulheres da época desejarem copiar.

             Logo, ao pensar no cinema a partir da década de 1950, nos vem à cabeça a imagem desse glamour, com essas mulheres voluptuosas e sensuais e dos homens muito bem vestidos, sempre de terno e gravata. E foi isso o mesmo que o cinema dessa época quis transmitir. Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo precisava respirar e descansar. Todos agora queriam e podiam  usufruir  do  lazer,  e  o  cinema,  consequentemente, foi  o  maior beneficiado disso tudo. Era o tempo das comédias-românticas, dos filmes sem história séria e que levavam as pessoas ao cinema apenas para se divertir.

Porém, as mulheres dessa geração que estavam acostumadas com a força do trabalho, tiveram que voltar para a cozinha e assumir o seu papel de mãe e esposa. E isso sem questioná-las, já que segundo Wasson (2011), era preciso organizar as coisas, já que a linha dos gêneros antes indefinida tinha de ser reforçada, pois a mulher americana se viu diante da pia novamente e começou a se perguntar como aquilo tudo teria acontecido.

              O cinema reforçou esse estereótipo, de que a mulher estava ali apenas para servir, seja como mulher e dona de casa, seja como meretriz. Inclusive as grandes estrelas dessa época representavam isso.  Um exemplo pode ser Marilyn Monroe, que tinha a tendência de sempre interpretar a loira curvilínea e linda que estava interessada em algum homem (na maioria das vezes por dinheiro),  como nos filmes “Os homens preferem as loiras’’ (1953), “Como agarrar um milionário” (1953) e no caso da vizinha sensual de ‘‘O pecado mora ao lado’’(1955).

               Era uma época extrema para as mulheres do cinema e para as mulheres comuns se inspirarem. E sempre era a santa ou a vilã, que não necessariamente fazia maldades, apenas não era a mulher certa para ser esposa e mãe, assim como os homens almejavam que fossem suas companheiras. Eis que surge ela, a Audrey Hepburn trazendo consigo a quebra desse paradigma que a mulher só tinha essas duas opções.

Fazendo uma retrospectiva onde tudo começou para  Audrey Hepburn, foi  no Balé quando iniciava  em  musicais e um agente a encontrou e a partir deste momento, ela começou a fazer participações para a TV e daí para o cinema.

Com a aparição pública de Audrey no cinema americano, mudanças aconteceram. Com seu biótipo completamente diferente do “padrão” (ela tinha 1,68m de altura, cabelo curto, olhos grandes, sobrancelhas grossas, pernas compridas demais, cintura muito fina, pés muito grandes assim como o nariz e duas narinas enormes e seus quarenta e nove quilo), ela não só conseguiu fazer sucesso pelo seu talento, mas também por sua beleza simples e até tida como normal.

Em 1951 o seu primeiro filme  “Laughter in Paradise’’ ela chamou a atenção de Sidonie Gabrielle Collete, mais conhecida como Colette[3] ”para fazer a peça ‘’Gigi’’, na Broadway. Cheia de insegurança, pois não acreditava estar preparada para atuar, ela foi assim mesmo. Então, depois de sua visibilidade ao ser chamada para interpretar Gigi, ela fez o teste que a colocou para interpretar a princesa Ann, em Roman Holiday (1953), papel que lhe rendeu um Oscar[4] como melhor atriz.

Tornou-se de forma rápida um símbolo de beleza e elegância e fez com que o seu estilo influenciasse a nova tendência de Hollywood, o que a consagrou como a nova estrela da época. Entre as estrelas da época, tais como, Marilyn Monroe, Ava Gardner, Grace Kelly, Sophia  Loren  e  Elizabeth  Taylor,  surgiu  Audrey  Hepburn.  

          No filme “Sabrina” a personagem de mesmo nome, “Sabrina Fairchild’’ precisava de um novo estilo, pois os figurinos não poderiam ser de Edith Head, que era responsável pelos figurinos da Paramount desde os anos 1920. Audrey precisaria de um  novo  estilista,  um  francês,  de  preferência,  pois  a  transformação  de  sua personagem se passa após uma viagem à Paris. Eis que surge na sua trajetória Hubert de Givenchy, aquele que passou a ser seu parceiro de trabalho e amigo.

          Mas o auge de sua parceria com Audrey viria em 1961, com o filme Bonequinha de luxo, onde ela dava vida à polêmica personagem Holly Golightly e ele assinaria um dos figurinos mais marcantes da história do cinema até hoje.

                 Foi em ‘’Bonequinha de luxo’’, que Audrey conquista os corações de todos (se é que havia alguém que ainda não gostasse dela) e prova de uma vez por todas que ela não é só uma atriz de comédias bobas e sim uma artista que conseguiu dar cara e personalidade a uma  prostituta e o  melhor,  que não foi  rejeitada  pelo público. A importância desse filme não só para a moda, mas principalmente para a carreira de Hepburn é indiscutível, pois aquela personagem foi capaz de representar as jovens que queriam ou moravam sozinhas, que não queriam se casar aos 20 anos e queriam uma vida com liberdade. E foi com elegância, classe e looks maravilhosos de Givenchy, que Audrey fez o público criar empatia por uma moça do interior, que muda de nome ao chegar à Nova York, e que sai com cavalheiros por dinheiro.

Depois do sucesso de ‘’Bonequinha de luxo’’, Audrey parte para outros projetos e em sequência filma “Infâmia”, “Charada” e “Quando Paris alucina”. Em 1963 recebeu o papel principal de “My Fair Lady”, mas não foi indicada para o Oscar, um fato que até hoje é considerado uma injustiça. Logo depois ela grava “Como roubar um milhão de dólares”, “Um caminho para dois” e “Um clarão nas trevas”,  sendo esse último dirigido por seu marido Mel Ferrer, na tentativa de tentar salvar o casamento deles. Audrey e Mel se divorciam em 1968.

            Então, depois disso Audrey resolveu parar de atuar e logo após seis semanas de seu divórcio, ela se casa com o psiquiatra italiano Andrea Dotti, A família passa a morar em Roma e, depois de um ano lá, Audrey se muda para a Suíça com seus dois filhos.

            Em 1976 ela resolve voltar a atuar e estrela “Robin e Marian” e depois de três anos volta em “A herdeira”. Após diminuir o ritmo de trabalho e a quantidade de filmes a gravar, em 1987 Audrey dá início ao seu mais importante trabalho, como embaixatriz da UNICEF( Fundo de Nações Unidas para a Infância). Por ter sido vítima da guerra durante sua infância, Hepburn sentia que devia ajudar as crianças que passavam necessidade, assim como ela, então a artista passaria o ano de 1988 viajando por países pobres da África, como por exemplo, a Etiópia e a Somália.

Em 1989, Audrey grava uma participação especial naquele que seria seu último filme: “Além da eternidade”. Ao deixar de lado sua carreira como atriz, ela passar a dedicar os seus próximos quatro anos de vida à suas causas na UNICEF, onde cada vez mais se envolve no projeto, mostrando a pessoa generosa que foi.

                  Mesmo tendo uma trajetória infanto-juvenil traumática, ela se sobressaiu brilhantemente, e a própria Audrey sabia disso. Numa das entrevistas em que ela concebeu durante sua  carreira  ela  afirma: “Eu  nasci  com algo  que  agradava  a  um público  naquele determinado momento”. Talvez por isso ela tenha sido a responsável por essa quebra de padrões, pois ela entendia a mudança que trazia para a época.

[...]Assim como Coco Chanel, Audrey não só mudou a forma de as mulheres se vestirem, como também alterou para sempre o modo como elas se viam, ao ampliar  a  definição  de  beleza  e  oferecer  ao  mundo  um  modelo  menos submisso e com uma sexualidade menos escancarada que a das pin-ups da época (REED,2013, p 50).

          E segundo a autora Paula Reed, toda mulher queria ser Audrey Hepburn e que adotar o seu estilo ia muito além de imitar as suas roupas e seu corte de cabelo, que aliás , todo mundo nas ruas andava usando.  Mas era o modo com ela se movia, como falava.

          Audrey não era perfeita, e estava longe de ser, e nem era de uma beleza comum e até podia não acha-la bonita, mas ela tinha uma magia. Uma elegância, uma postura que conquistava a todos.

              Aqueles que a vinham, numa percepção seletiva, sabiam que Audrey viria para mudar o padrão. Collete, quando a viu pela primeira vez em um hotel em Mônaco e Billy Wilder, diretor e produtor de “Sabrina” também sabia. Ele chegou até a declarar: “Essa garota, sozinha, consegue fazer dos seios fartos uma coisa ultrapassada”. Ela era o diferente, e isso que encantava.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

          Todos amavam Audrey por isso. Ela não era só uma garota com um perfil diferente, que a diferenciou das outras atrizes da época. Ela era uma mulher com um caráter magnífico, onde é possível perceber quando, no fim de sua vida, ela larga os estúdios de filmagem e parte para os países mais pobres da África, para ajudar as crianças vulneráveis. E jamais fez isso por fama, ela não precisava disso. Era apenas o seu bom coração que se sobressaía e que chamava a atenção de todos. Em certa ocasião, o filho dela, Sean Ferrer, disse que ela não só tocou as pessoas por causa do seu ótimo trabalho como atriz, mas também por causa do seu trabalho com a UNICEF, nas palavras Creio que devido ao seu caráter, tudo lhe produzia uma grande emoção, era uma mulher muito terna que se caracterizava, sobretudo por sua compaixão e capacidade de se colocar no lugar do outro” .         Mas, Audrey não era bondosa apenas com os outros. Sempre colocava sua família em primeiro lugar, chegando até a parar de atuar durante alguns anos para poder cuidar integralmente dos filhos. Na mesma ocasião, Sean ainda disse que achava que sua mãe sabia fazer ótimas escolhas, no começo investiu em sua carreira e foi muito bem, e depois ela escolheu a família e pôs a carreira de lado. Diz a amiga íntima dela Connie:

“A indústria não quis muda-la, foi ela quem mudou a indústria e foi assim durante anos. Quando penso nas atrizes do tempo de aura, não tem nenhuma com a presença de Audrey, uma presença que não precisava de esforço nenhum e acredito que Givenchy vesti-la foi um acerto, seus sentidos e gostos eram muito parecidos , geralmente quando nos vestimos para uma festa, nós usamos joias, mas com Audrey era o contrário, creio que é um conselho para as jovens atrizes que querem se parecer com ela, mas nenhuma tem seu estilo. Como meu falecido marido gostava de dizer, uma estrela emite luz própria, a câmera a focava e de repente havia mágica”

            Ela nunca será imitada e é bem provável que não exista outra atriz com a capacidade de Audrey Hepburn. Ela foi única e eterna, jamais será esquecida. Seja por seus filmes, pelo seu estilo e elegância, pela sua bondade e caráter maravilhoso ou pela sua influência na moda. Como afirmou Billy Wilder, Audrey era conhecida por algo que desapareceu, e que é a elegância,  graça  e  boas  maneiras…  Deus  beijou-a  na bochecha e lá estava ela”.

 REFERÊNCIAS

Aberastury, Arminda e SALA, Eduardo J. A paternidade no enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985

Documentário biografia Audrey Hepburn em busca de si mesma. Direção: Gero von Boehm. Alemanha, 2004. 53’00’’ Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=3sRxDEtn150>. Acesso em

28 de agostode 2014.

Documentário My best friend Audrey Hepburn. Produção: BBC. 29’00’’.  Disponível em: <http://vimeo.com/57779766>. Acesso em: 28 de agosto de 2014

REED, Paula. 50 Ícones  que  inspiraram a  moda  1950.  Tradução:  Laura

  Schichvarger. São Paulo: Publifolha 2013.

WASSON, Sam. Quinta Avenida,5 da manhã, Audrey Hepburn, Bonequinha de luxo e o surgimento da mulher moderna. Tradução: José Rubens Siqueira. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.


[1] Doutora em Psicologia Social e Docente da Universidade Federal da Paraíba

[2] Consultora de imagem e design de moda

[3] Autora de “Gigi”

[4] Prêmio anual dados aos melhores do cinema( Academy Awards)

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