Delírio de um “Eu” Menor

José Welhinjton Cavalcante Rodrigues[1]

 

“Há em nós alguma coisa que quer viver e se afirmar,
alguma coisa que não conhecemos, que não vemos talvez ainda!”

Nietzsche

 

CENA 1: UM “EU” ATINGIDO PELA FLECHA DA VIDA

Por imposição do meu próprio corpo que ainda está sob a influência do meu encontro com o David Lapoujade (2011), em “O corpo que não aguenta mais”, eu não poderia começar esse ensaio sem deixar de expor a flecha-inquietação que atingiu essa primeira pessoa do singular que se propõe a escrever o início desse texto e que a torna convalescente (?). Sob o risco de não saber se esse “eu” (r)existirá até o final desse escrito, preciso dizer que essa flecha continha uma larva que está se alastrando pelo meu corpo e o fazendo gemer de dor. Essa larva indaga a cada leucócito do meu corpo que tenta resistir a seguinte questão que me estremece inteiro: “o que seu corpo não aguenta mais?”.

Essa flecha da vida trouxe consigo a lembrança de um trauma que retorna eternamente a minha consciência: eu, na quarta série, entrando na sala após o intervalo e um coleguinha de outra turma me acompanhando e gritando na porta da minha sala: “- Viado! Viado!! V-i-a-d-o!!!”. Eu também estremeci naquele momento. Eu queria me esconder. Fui tomado por uma vontade de fuga que tem se reelaborado criativamente nos mais diversos cenários das minhas sociabilidades e me condenado à solidão como uma máscara possível para reagir à rejeição social.

“O que seu corpo não aguenta mais?”, insiste a larva. As lembranças dos meus traumas me fazem gritar diante do vislumbre da pouca segurança que adquiri até aqui na troca de máscaras que ora representa vergonha ora representa orgulho. Essa pouca segurança não passa de uma ilusão de controle e fetichização de ordem ao lidar com os rumos da minha própria vida. Para minha surpresa, ela está se afogando agora em águas rasas, pois entre o prazer e a realidade, meu corpo não aguenta mais ser determinado pelo meu sexo (?), não aguenta mais ser sexualizado, o que ocorre desde a barriga da minha mãe. Há dois textos que me são impostos que meu corpo sexualizado não aguenta mais e que travam sua potência de existir.

Meu corpo não aguenta mais ser determinado como viado. Ele não aguenta mais o texto que me interpela “você é viado?” e tudo aquilo a que fui submetido de fora, da exterioridade. Ele não aguenta mais um outro texto “Eu sou viado?” e tudo o mais que eu acabo me assujeitando de dentro, travando a potência dos meus instintos. Sobretudo, meu corpo não aguenta mais esse dispositivo que funciona em mim seja ao responder a primeira pergunta com vergonha dizendo “não” ou falando orgulhosamente “sim” a segunda interpelação. Com isso, se toma nota aqui sobre a crise da presença que o “eu sexualizado” experimenta. Este ensaio é uma cartografia desse “eu”.

 

CENA 2: A VERGONHA DE SER QUEM QUEREM QUE EU SEJA

Com 9 ou 10 anos de idade, eu não entendia nitidamente o que era “ser viado”. A partir dos discursos que me chegavam, eu sabia que “viado” era um homem que motivava vergonha na família perante os outros. Eu sempre ouvia os adultos dizerem que não queriam seus filhos sendo amigos de crianças afeminadas ou de outros adultos “assumidamente viados”, porque “ser viado” não apenas era produzido como uma mácula na cidade de Santa Helena, mas também poderia ser transmitido de uma pessoa a outra.

A noção de “ser viado” me foi sendo repassada como algo monstruoso, abominável e carregada de abjeção, como registrado por Michel Foucault, em “Os anormais”, ao discorrer sobre a constituição do sujeito como “monstro humano”. Essa noção foi construída, sobretudo, por saberes-poderes médicos e jurídicos. Logo, “ser viado” estava no terreno fantasmagórico do que deveria ser evitado e, quando for o caso, corrigido. Viado é, portanto, um rebotalho de fantasmas fabricados a partir de disparates paranoicos e frenéticos de sujeitos que temem tudo o que não se assemelha ao “nós”.

Eu tinha uns 10 anos e gostava de brincar com meus amigos. Um dia fui na casa de um deles. Quando cheguei, cumprimentei sua mãe e perguntei pelo meu amigo. Ela disse que ele estava tomando banho, mas logo em seguida sugeriu que eu entrasse e ficasse sentado no sofá enquanto ele acabava. Em certo momento, a mãe do meu amigo foi até onde eu estava, sentou no sofá na minha frente e disparou a questão lancinante que sempre me conduzia ao meu Grande Meio Dia: “Queria te perguntar uma coisa e gostaria que você fosse sincero: você é viado?”. Estremeci. Me senti encurralado. Me questionei o que ela teria visto em mim para desconfiar que eu fosse “viado”. Algo havia me denunciado. Passei a adolescência inteira sendo interpelado sobre isso.

Esse texto, “você é viado?”, sempre esconde relações de poder e para mim poderia significar ser impedido de continuar a amizade com meu amigo. Confessar aqui não se tratava de gerar alívio, mas de submeter meu corpo e meus afetos a toda uma exterioridade que significava e ainda significa subjugação (FOUCAULT, 2018). As normas de gênero, essa exterioridade adestradora e disciplinar, sempre representaram para mim um sistema de crueldade que tolhia meu corpo e o questiona a cada ato sobre os limites da crueldade, do sofrimento e da dor que ele pode tolerar (LAPOUJADE, 2011).

Essas mesmas normas fizeram do meu corpo uma carapaça onde eu podia escavar para diferentes lugares tentando escapar das suas armas. Um corpo-tatu. A cada ataque, eu escavava novos buracos. Pude me fortalecer explorando várias possibilidades do meu corpo-tatu. Fui me dando conta que quanto menos “eu” havia, mais e mais buracos meu corpo podia escavar, se mostrando apenas quando era seguro. Esse aprendizado foi um dos mais preciosos que alcancei: o que o corpo não aguenta o serve para interrogar novas potências (LAPOUJADE, 2011).

A flecha faz sangrar meu corpo, a larva avança e me faz delirar…

 

CENA 3: O ORGULHO DE SER QUEM ME OBRIGARAM A SER

A vontade do meu corpo anda em desassossego com os passos dados pelo meu “eu”. Foi construído no meu corpo um desejo que começou a gritar e a sangrar para que meu corpo pronunciasse “eu sou viado!” diante da vontade de saber posta pela exterioridade (FOUCAULT, 1988).

Meu corpo não aguentava mais ser interpelado. O frio na barriga. O nó na garganta e a dificuldade de falar. Esse corpo estremecendo. As palavras que saiam sempre trêmulas diante de qualquer indício de ser exposto e ser lido como “a vergonha da família”. Tensão recorrente. Ansiedade sempre latente e que fazia meu corpo ruborizar diante das palavras “você é viado?”. Então, aos 24 anos eu cedi. Me confessei a uma amiga e gerei contentamento naqueles que sempre intuíram e reagiram com um sonoro “Eu sabia!”.

Minha confissão não tinha nada de natural. Meu corpo não aguentava mais ser interpelado. Aqui essa confissão é algo parecido com uma represa que passa a suportar uma quantidade de pressão maior que sua capacidade. Estremecer, fissurar, rasgar, estourar são ações de esgotamento. Diante do esgotamento só resta olhar para a palavra como alívio ou para o silêncio suicida. Eram essas as opções que meu corpo foi condicionado. Alívio. O que existe depois do armário? A “neurose da fala”. Sempre que vou falar em público continuo me ruborizando e apresentando uma tosse que surge momentos antes e desaparece logo em seguida.

Meu corpo esgotado, rendido e agora funcionando a partir de um “eu” sexualizado. Esse “eu” ficcionado por normas de gênero e cuspido para fora pela máquina colonial heterossexual. Um “eu” estático, fixado e objeto inventado para satisfazer a necessidade de afirmar uma diferença intransponível. Na relação entre o fóssil e o monstro foucaultiano (2002), esse “eu” foi esculpido como uma caricatura monstruosa. Um “eu” que nada mais é do que um rebotalho constituído como fantasmagoria de uma máquina social fascista e paranoica.

Caímos na armadilha da linguagem formatada pelo terror do pequeno-burguês e da fábrica colonial. Isso nos lembra bem Tiqqun (2019). Fiquei enlameado com a “crença do cotidiano” de assumir que as coisas são as palavras, de acreditar, sem o exercício da crítica, de que supostamente as coisas são aquilo são. “Eu sou eu”, “Eu sou viado” e um “Um viado é um queer”. Até pouco antes de eu entrar no mestrado, em 2017, e achar que precisava afirmar esse “viado!” orgulhosamente. E foi assim! Assim eu quis!

Colocar o pé fora do armário, para além do alívio imediato que meu corpo gritava, esperneava e chorava sem parar por ele, não tem nada de novo e de espetacular, como a razão me fez crer.

“Agora te aparece como um erro alguma coisa que outrora amaste como uma verdade ou pelo menos como uma probabilidade: tu a rejeitas para longe de ti e imaginas que tua razão acaba de obter uma vitória. Mas talvez então, quando eras ainda outro – tu és sempre um outro – esse erro te fosse tão necessário como todas as ‘verdades’ atuais, de algum modo como uma pele que te escondia e te velava muitas coisas que ainda não podias ver. Foi tua nova vida e não tua razão que matou em ti essa ideia: já não tens necessidade dela e agora ela se destrói por si mesma e a sem-razão sai dela como um verme” (NIETZSCHE, 2001, n./p.).

Os dois textos são sintomas do dispositivo que me friccionou até então para funcionar em mim. Não é possível ler “você é viado?” e “Quem sou eu? Eu sou viado!” sob outra lente. Ambos os textos são estruturados a partir da máquina colonial heterossexual e do mesmo desejo fascista que formula o “viado” como rebotalho fantasmagórico. Todos experimentamos alguns segundos insurrecionais em que a negação imediata do cotidiano nos aparece como uma fagulha de luz e passamos a questionar em definitivo o terror. Então, percebemos que o real não é o que as palavras designam, portanto, eu não sou “eu mesmo”, um viado “não é um viado”, um viado “não é queer”. “O que há de real na linguagem são as operações que ela efetua. Descrever um ente como um dispositivo ou como sendo produzido por um dispositivo é uma prática de desnaturalização do mundo dado, uma operação de colocar à distância o que nos é familiar ou se quer como tal” (TIQQUN, 2019, p. 210).

Nos colocar fora do mundo ou a uma certa distância do mundo, contudo, definitivamente não resolve a questão que nos interessa aqui: o que pode o corpo que não aguenta mais ser sexualizado? É próprio da vida querer afirmar sua exuberância e se expandir nesse mundo (NIETZSCHE, 1992). Logo, o que queremos aqui é enxergamos e nos colocarmos a uma certa distância entre nós e o mundo para procurar estarmos nele de outra maneira (TIQQUN, 2019).

Gira a roda da vida. Tudo é movimento e fluxo. Há algo diferente no meu corpo que meu “eu” teima em não reconhecer. Contudo, esse mesmo “eu” parece não poder intervir diante do meu corpo que agora me parece um vir-a-ser…

Se eu fosse um narrador diria que meu “eu” está surpreso e espantado com o que se esboça perante seus olhos.

 

CENA 4: A INUTILIDADE DAS NORMAS DE GÊNERO

Deus
E juntamente com Deus
Os seus órgãos
Se quiserem, podem meter-me numa camisa de força
Mas não existe coisa mais inútil que um órgão.
Quando tiverem conseguido um corpo sem órgãos,
Então o terão libertado dos seus automatismos
E devolvido sua verdadeira liberdade.
Então poderão ensiná-lo a dançar às avessas
Como no delírio dos bairros populares
E esse avesso será
Seu verdadeiro lugar.

Artaud

 

Levy Fidelix disse que “órgão excretor não reproduz”. Sua fala nos coloca dentro dos automatismos das normas de gênero: “cu foi feito somente para produzir fezes”. Essa é uma compreensão compartilhada dentro da nossa máquina colonial. Disso surge duas inquietações: O que pode o cu? O cu pode algo além de defecar? Nos fizeram crer que cada órgão do nosso corpo possui uma função. Artaud, no poema que abre essa cena, nos convida a rivalizar essa crença na funcionalidade do que pode nossos órgãos, nossos corpos.

Até quando vamos continuar amenizando o duro dever de existir através da lógica binária odienta hetero-homossexual e das funções atribuídas a cada parte do nosso corpo? Estruturas de mundo binárias e um corpo funcionalizado servem apenas para garantir um bom sono quando encostamos nossas cabeças no travesseiro a noite. Essa maneira de tornar o mundo organizado em nada contribui para expressar a vida em sua potência, pois o que a vida quer é se diferenciar constantemente. O que a vida quer é variar. A vida quer que o corpo expresse a multiplicidade da sua potência (DELEUZE; GUATTARI, 1999).

O sofrimento nos ajuda a nos potencializar. O corpo sexualizado é um corpo que sente a dor de uma existência enjaulada. Aos poucos, as normas de gênero barram a potência de vida do corpo. O corpo moderno não aguenta mais todo adestramento, disciplinamento e inculcamento exigido pelas normas de gênero. Não existe nada mais inútil do que um órgão que funciona segundo normas de gênero. Um corpo que segue essas normas é um corpo angustiado, ansioso e paranoico. Normas de gênero produzem uma vontade fraca.

As normas de gênero podem eventualmente serem acionadas, quando nos for conveniente. A ética do malandro é o que nos aparece como interessante: tal qual o corpo-tatu, o malandro é aquele que existe na opacidade, no crime e na insurreição; é aquele que entendeu que melhor do que se apaixonar pelo poder, é ser dobrável perante ele, é ser opaco e assim deslizar por entre os dedos do poder. Por isso, é crucial nos manter conectado em alguma medida a esse “eu” fabricado pelas normas de gênero. Essa é uma condição de existência dentro dessa máquina colonial. Agora não mais por vergonha ou orgulho, mas para extrair dela o necessário para existir diante do autocontrole da máquina social colonial. Abandonar completamente esse “eu” nos levaria aquela situação estressora que sempre é acionada nos nossos corpos para serem autocontrolados que consiste na esquizofrenia (TIQQUN, 2019). A ética do malandro requer saber “[…] desafinar a marcha interior e a marcha exterior; desdobrar e folhar sua consciência; estar ao mesmo tempo móvel e parado, à procura e enganosamente distraído” (TIQQUN, 2019, p. 222). Para Tiqqun é torna-se bruxo, para Deleuze e Guattari (2010) é torna-se larva, para Rodrigues é torna-se corpo-tatu.

Bruxo, mago, larva, embrião, corpo-tatu são sinônimos e desembocam na ética do malandro. Essa ética nos requer saber ir até o limite da presença, mas sobretudo escavar dentro dos nossos buracos e se tornar seu próprio mestre. É o paradoxo deduzido por Lapoujade (2011, p. 89): “Se fechar para si abrir é o paradoxo da prudência”. É a experimentação da potência múltipla que reside no nosso corpo que irá ensinar a cada um: o que pode seu corpo. Não é sobre ser-no-mundo, mas sobre saber-poder situar-se no mundo.

O que aprendi ao longo das experimentações sobre o corpo-tatu e com a leitura de Tiqqun é que geralmente o dispositivo funciona tentando construir o que é singular como algo monstruoso; é que todo adjetivo que lhe for atribuído não pode gerar reação, menos ainda a sua negação; é que a experiência de liberdade maior é resultado do acumulo anárquico de predicados, pois é aí o lugar onde nós mesmos nos tornamos o próprio segredo indecifrável.

Quando a flecha da vida nos acerta em cheio, o que para o “eu” pode sinalizar como convalescência, pode ser apenas um sinal para explorarmos melhor o que pode o corpo. Afinal, o corpo que não consegue andar, conforme nos ensinou Lapoujade (2011, p. 89), pode perceber que “cair, ficar deitado, bambolear, rastejar são atos de resistência”.

 

PÓSFÁCIL: RUMO A UM “EU” MENOR

Já é madrugada. Um pai e seu filho saem juntos de uma festa. Abraçados. Confundidos com um casal de viados pelo simples afeto que um abraço representa. Eles são agredidos na rua por sete jovens. O pai tem parte da orelha decepada.

Isso não é um escrito sobre paz. A guerra está instalada. Diminua seu “eu”. Fique atento ao dispositivo que quer funcionar em você. Você não é quem lhe fizeram acreditar que você seja. Você é um eterno vir-a-ser. Na Grande Meia Noite, um delírio possível no campo social reside em dançar afetuosamente com “um igual” na frente de todos, pois o afeto tem a força de friccionar e travar o dispositivo.

Isso não é um convite que você deve pensar em aceitar ou não. A segurança de todos está em risco. O dispositivo pode funcionar em você também. Desfaçar, confundir e atacar traiçoeiramente são ações do corpo-larva-tatu. Você não é seu “eu”. Escave suas tocas. Descubra as potências do seu corpo. A linearidade entre sexo-sexualidade-gênero é sua desgraça total. Sair do armário se tornou um disparate promovido pelo capitalismo. Esse é meu próximo delírio: sorrateiramente atacar o capitalismo em um campo mágico.

 

“Tudo é real, porque tudo é inventado”.

Guimarães Rosa.

REFERÊNCIAS

DELEUZE, Gilles. Bergsonismo. Tradução de Luiz Orlandi. São Paulo: Editora 34, 1999.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. Tradução de Luiz Orlandi. São Paulo: Editora 34, 2010.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Albuquerque e Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

FOUCAULT, Michel. Histoire de la sexualité: les aveux de la chair. Vol. 4. Paris: Gallimard, 2018.

LAPOUJADE, David. O corpo que não aguenta mais. Revista Polichinelo, 2011, p. 81-90.

NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Tradução de Paulo César Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

TIQQUN. Contribuição para a guerra em curso. Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. São Paulo: N-1 edições, 2019.

[1] Doutorando em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba [email protected].

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